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As facetas da inovação no setor público

Você conhece as facetas da inovação no setor público, segundo o OPSI/OCDE?


A inovação é um elemento central na agenda pública atual. O estado deve promover a melhoria e a inserção de novos produtos, serviços e processos que facilitem a vida do cidadão e que resolvam problemas que são relevantes para a melhoria da qualidade de vida da população.


Porém, este é um tema que ainda se apresenta de forma muito complexa aos gestores públicos, que são absorvidos pelas demandas que se apresentam no dia-a-dia, porém precisam pensar “fora da caixa” e a inovação é o caminho que permite materializar este pensar.


Para ajudar neste pensar diferenciado, é fundamental olhar como os gestores podem organizar seus planejamentos e orçamentos e, de forma planejada, organizar seus portfólios direcionados à inovação.


O Observatório de Inovação do Setor Público (OPSI) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) foi fundado em 2011 com o objetivo de colocar a Inovação no centro do Governo, identificando tendências e apoiando o desenvolvimento de estratégias amparadas em evidências, criando redes que conectam líderes e profissionais em todos os setores da Administração Pública no mundo.


Desde então, acompanham os esforços de inovação em todo o globo, especialmente nos países da OCDE, e fornecem um fórum global e central de conhecimento para aprendizado compartilhado.

Uma das principais contribuições foi a classificação da inovação publica em 04 (quatro) facetas, que consideram a direção (top down e bottow up) e os graus de incerteza (radical) e certeza (incremental) da inovação, conforme Figura 1 abaixo.


Figura 1 – Facetas da Inovação, pelo OPSI/OCDE.





Fonte: Councilor, conforme OPSI/OCDE (2024).


A classificação da inovação no setor público em facetas ajuda a revelar, conectar e orientar atividades de inovação diversificadas e multifacetadas de acordo com uma estratégia geral, criando variedade e elasticidade para gerenciar riscos tecnológicos e promover oportunidades, identificar tendências e lacunas na atividade geral de inovação e revelar vínculos para apoiar oportunidades de aprendizado e colaboração.


Problemas multifacetados e complexos enfrentados pelo setor público geram necessidade de estratégias pluralistas e multifacetadas nas atividades de inovação. Em um mundo incerto, é perigoso depender demais de uma única estratégia ou abordagem.


Serve também para esclarecer a intenção estratégica e o propósito por trás da inovação, ajudando os governos a entenderem e gerenciarem melhor a inovação. Por isso, compreender as facetas da inovação pode ajudar na compreensão de como a inovação pode ser estabelecida no âmbito do setor público, seja na administração direta, seja na administração indireta.


Inovação orientada à missão


Para apresentar as principais facetas da inovação, vamos partir de questionamentos que muitos gestores se fazem no dia a dia e que a inovação acaba por se apresentar como a resposta principal.

Para começar, imagine como foi para os gestores americanos enfrentarem a missão de levar o homem à lua. Certamente, o questionamento central era:  “Como podemos resolver esta questão complexa, intersetorial e que demandará tecnologias que sequer existem?”


Essa é a inovação orientada para a missão, onde busca-se enfrentar desafios complexos, como mudanças climáticas e desafios globais de saúde, adotando uma abordagem de modelagem de mercado orientada a propósitos. 


O setor público assume um papel ativo na convocação e coordenação de atores em torno de questões complexas e intersetoriais que não podem ser resolvidas apenas por atores individuais.


É a inovação que inclui qualquer solução tecnológica, social e organizacional nova ou aprimorada (produto, processo ou serviço) que visa responder a um ou vários dos grandes desafios sociais (missões) e criar valor público para a sociedade (por exemplo, mitigação do clima, oceanos limpos, crescimento econômico sustentável e bem-estar, etc.).


O mais recente que vimos de inovação orientada à missão foi a busca mundial pelo desenvolvimento da vacina na pandemia de covid. Isso é uma inovação orientada à missão.


Inovação antecipatória


O setor público é muito focado na resolução de problemas. Entretanto, vem ganhando tração uma faceta que é fundamental para que o poder público possa também trabalhar com as oportunidades de resolução de questões emergentes e políticas de estado além de problemas decorrentes de decisões do passado e problemas atuais.


Nestes casos, imagine um município que esteja dedicado a estabelecer um sistema de  inovação. Certamente, o questionamento central será: “Como podemos nos antecipar ao que está por vir e aproveitarmos oportunidades?”


A inovação antecipatória, portanto, é a inovação que decorre da capacidade das organizações de perceber, entender e agir consistentemente sobre o futuro conforme ele surge no presente.


A natureza das questões que os governos enfrentam hoje é volátil, incerta, complexa e ambígua. Os governos precisam considerar vários cenários e agir sobre eles em tempo real. O setor público precisa se preparar para o que está por vir, identificar, testar e implementar continuamente soluções inovadoras para se beneficiar de oportunidades futuras, reduzindo os riscos por meio do aumento da resiliência de seus sistemas públicos. 


Devemos mudar nosso relacionamento com antecipação para acertar a política. Devemos reconhecer que lidar com o longo prazo significa pensar e agir agora. Não é um complemento opcional: é parte integrante da formulação de políticas sábias. 


Para tanto, existe todo um ferramental que permite à Administração Pública promover uma inovação antecipatória, como prototipagem antecipatória, Foresight Estratégico e Estudo de Futuros.


Inovação orientada para o melhoramento


Imagine uma equipe que precisa melhorar os indicadores de atendimento à população em serviços digitais e que encontra restrições. Certamente, o questionamento central será: “Como podemos fazer isto melhor?”


Um outro exemplo, que transformou a forma como o governo federal processa as transferências voluntárias para estados e municípios, veio de uma determinação do Tribunal de Contas da União. Surgiu primeiro como SICONV, depois como Plataforma Mais Brasil e agora denomina-se Portal TransfereGov.


Até 2008, cada ministério e entidade da administração pública processava os repasses aos estados, municípios e entidades privadas sem fins lucrativos (atuais OSC) conforme seus modelos e procedimentos. Com a determinação do TCU, veio a inovação em processo, estabelecendo um sistema web unificado, que melhorou toda a sistemática de repasse, dando mais transparência e racionalidade ao fluxo de gestão das transferências voluntárias.


Esta é a faceta da inovação que atualiza as práticas, alcança eficiências e melhores resultados, sem alterar significativamente o sistema vigente. É impulsionada pelas restrições de recursos e custos do setor público, pelos princípios influentes da NOVA GESTÃO PÚBLICA (mais orientada para o mercado) e pela digitalização e adoção de novas tecnologias.


É impulsionada para operar de maneira diferente e “fazer mais com menos”, sendo um dos tipos menos contestados e mais utilizados de inovação no setor público.


Inovação adaptativa


O mundo digital está presente na vida de todos os cidadãos, que já compreendem e desejam uma jornada do cidadão sem burocratismo e mais célere. Aos gestores, certamente, o questionamento central será: “Como podemos atender às demandas e as expectativas dos usuários do serviço público, num cenário de constante mudança?”


A inovação adaptativa é a que testa e tenta novas abordagens em resposta a um ambiente operacional em mudança. Em ambientes que exigem estabilidade e necessidade de agir rapidamente, especialmente durante crises, a inovação adaptativa apoia as administrações públicas, fortalecendo simultaneamente a resiliência e construindo capacidade adaptativa. Além disso, a inovação adaptativa pode ajudar a evitar a fragmentação das práticas experimentais e sistematizar a ação inovadora no governo.


Fatores ambientais, organizacionais e individuais podem levar os governos a explorar a inovação adaptativa, todos operando em níveis diferentes, buscando a centralização no usuário como princípio orientador e valendo-se de metodologias ágeis e design thinking, por exemplo.


Além dos principais impulsionadores, várias estruturas e programas vitais sustentam a inovação adaptativa no setor público no longo prazo. As condições facilitadoras incluem estruturas organizacionais, estruturas de governança descentralizadas, infraestrutura, relacionamentos e parcerias, espaço para experimentação e avaliação e aprendizado.


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